A presença de iodo na urina de mulheres grávidas

A necessidade de ser avaliada a presença de iodo na urina de mulheres grávidas, mesmo em áreas com suficiente iodo na alimentação.Prof. Geraldo Medeiros-NetoA concentração de iodo na nutrição em valores considerados adequados é muito importante, tanto para as grávidas como para o feto. Todos os médicos que lidam com problemas da glândula tireoide sabem que o iodo é muito importante durante o binômio gestante-feto. Sabemos que a tireoide fetal já está formada e passa a ter necessidade de iodo a partir da 16ª semana de gravidez. O iodo, geralmente, é veiculado pela alimentação, bem como pela presença de iodo no sal consumido pela gestante. É muito importante que seja estabelecido como rotina, pelo menos, uma dosagem de iodo urinário em pacientes grávidas, pois a suplementação de iodo é muito fácil e será, certamente, muito útil tanto para a grávida como para o feto. Em recentes trabalhos de um estudo, na China, que avaliou o conteúdo de iodo urinário e na circulação em 222 pacientes grávidas, bem como em 827 mulheres não grávidas utilizadas como controles.Os pesquisadores obtiveram amostra de urina em 6 diferentes tempos durante a gravidez e, após o parto, em duas avaliações urinárias nos primeiros 6 meses pós-parto. Além disso, mensuraram o iodo circulante através de um índice chamado iodo/creatinina, o qual nos dá um valor bastante aproximado da quantidade de iodo ingerida pelas grávidas. A média do iodo na urina na primeira medida mostrou um valor normal médio de 183 ng/L na amostra colhida em 8 semanas de gravidez. Em seguida, nas amostras subsequentes, verificou-se um declínio progressivo do iodo urinário, embora todas as grávidas estivessem com nutrição adequada e consumindo iodo presente no sal. Nas semanas próximas ao parto, o conteúdo de iodo na urina decresceu a 61ng/L. a interpretação desta queda do iodo na urina das grávidas deve se ao consumo pela tireoide fetal do precioso iodo circulante para fabricar os seus próprios hormônios tireoidianos. Em outras palavras, verifica-se que a queda na circulação e na urina do iodo nas grávidas se deve ao progressivo uso do iodo pelo feto. Embora esse fato já fosse do conhecimento dos especialistas em fisiologia da tireoide durante a gravidez, admite-se que, pela primeira vez, se vê uma queda na concentração de iodo na urina das grávidas devido a captação fetal do importante iodo oferecido ao binômio grávida/feto.A conclusão dos autores é muito clara, é importante que tanto para a grávida como para os médicos responsáveis pelos cuidados indispensáveis durante o período gravídico sejam alertados que, significantemente, existe uma progressiva queda do iodo urinário, possivelmente pelo consumo da tireoide fetal. É muito importante esse conhecimento, pois é frequente que no período gravídico exista a prescrição de uma dieta pobre em sal devido a patologias bem definidas na gravidez. A restrição do sal implica na redução da ingestão de iodo, pois esse precioso elemento é veiculado pelo sal nutricional. Nesses casos, os médicos devem estar alertados que seria importante a administração de quantidades de iodo adequadas para compensar a menor ingestão de sal iodado. Finalizando, toda grávida deve ingerir uma quantidade de iodo suficiente para o seu próprio metabolismo, bem como a função tireoidiana fetal.JCE&M Jan.2016
Source: Indatir