A função da tireoide

A função da glândula tireoide e os eventuais componentes da alimentação cotidiana

 

Prof. Geraldo Medeiros-Neto

 

Como já foi descrito em artigos anteriores, a função da glândula tireoide está intimamente ligada à ingestão do iodo presentes em vários alimentos que são consumidos pelos seres humanos durante toda a sua vida. Estes alimentos são, de uma maneira muito simples, derivados do uso de produtos provenientes do mar, ou seja, de mariscos, peixes, ou mesmo algas marinhas. O consumo diário desses produtos leva a entrada no corpo humano do elemento chamado iodo. Nota-se que as pessoas que habitam em zonas terrestres contíguas ao mar têm como consequência a presença de iodo veiculada por vegetais ou peixes, ou crustáceos e outros produtos marinhos. Com esse nível relativamente elevado de produtos do mar, a população vivendo nas zonas marinhas tem um nível substancial de iodo em sua dieta cotidiana. Não há, portanto, nessas populações, o risco de apresentar excesso de iodo em sua alimentação. Um dos exemplos bem conhecidos é da população japonesa que habita um arquipélago, o qual leva a um excesso de produtos marinhos na dieta que consomem. 

Com a descoberta do iodo, em 1807, por pesquisadores em química orgânica, na França, abriu-se um novo capítulo para tratamento de doenças de carência crônica de iodo, mas foi somente por volta da segunda metade do séc. XIX que o iodo foi administrado a populações de regiões montanhosas e, inicialmente, na Suíça e na França (região alpina).
Nesses países, passou-se a difundir o uso de iodo para populações carentes. A maneira escolhida para que tais populações não ficassem com falta cotidiana do indispensável iodo foi misturá-lo com o sal comum (sal iodado). Na América do Sul, os países situados, em parte, na zona montanhosa dos Andes, também foram tratados com óleo iodado (injetável) aos poucos sendo substituído pelo uso universal de sal iodado. Em território brasileiro, alterações da glândula tireoide devido à carência crônica de iodo (bócio endêmico) receberam o indispensável iodo veiculado no sal comum cotidiano, a partir de 1920. Com este tratamento universal para toda a população, as doenças derivadas da carência crônica de iodo desapareceram após os anos 30. Hoje, todos os brasileiros recebem cerca de 10mg de iodo por dia, através do sal comum de cozinha, o qual contém iodato de potássio. Cremos que essa foi uma conquista extremamente importante para a população brasileira, eliminando em poucos anos a presença de bócio endêmico e das moléstias nodulares da tireoide.  

 

Além disso, é importante assinalar que outros minerais também são importantes para a função da tireoide. Vamos falar um pouco do selênio. Vários trabalhos científicos, da década de 70, indicaram que a função da glândula tireoide pode se apresentar insuficiente desde que as pessoas estejam sujeitas a uma carência total de selênio. Esse mineral não tem uma ação direta na função tireoidiana, mas aparentemente, a falta crônica de selênio, leva a uma diminuição da síntese dos hormônios tireoidianos, isto é, da tiroxina e da tri-iodotironina (T4 e T3). A carência crônica de selênio pode, portanto, diminuir com o passar dos anos a síntese de hormônios tireoidianos.

 

Não há como esquecer que a difusão de dietas extremamente perigosas na qual se eliminam produtos consumidos regularmente pelo ser humano, proibindo aleatoriamente o uso diário de alimentos marinhos e restringindo o uso do sal iodado a níveis muito baixos.  Essas manipulações dietéticas se tornam particularmente perigosas em gestantes, adolescentes e pacientes diabéticos.

 

Concluindo, recomenda-se que não existe campo para se indicar dietas extremamente pobres em iodo. Tal fato pode levar a uma baixa função da glândula tireoide, principalmente em situações a gravidez, durante a qual, tanto a gestante como a criança, precisará do indispensável iodo para o bom funcionamento da glândula tireoide. No caso da gestante precisar de iodo prescrito pelo seu médico, uma vez concluído que essa gestante com questões médicas precisa ser colocada sob prescrição de alimentação sem sal. Nesses casos, é importante verificar a necessidade de prescrição de iodato de potássio para manter a função da glândula tireoide com quantidades suficientes de iodo.

Source: Indatir